Investimentos em defesa e o desenvolvimento nacional: estudo analisa trajetória brasileira (1985–2022)
- publicabcp
- 5 de nov.
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Publicado em 2024 na revista Conexão Política, o artigo Os investimentos brasileiros em defesa como indutores de desenvolvimento e tentativa de reposicionamento geopolítico, de David Gonçalves Borges (UFPI), investiga como os recursos aplicados na área de defesa, entre 1985 e 2022, foram mobilizados não apenas para fins militares, mas também como instrumentos de desenvolvimento econômico e de reposicionamento internacional do Brasil.
A pesquisa combina análise orçamentária, exame de programas estratégicos e interpretação política dos resultados obtidos em diferentes governos.
Ao longo do período estudado, Borges identifica oscilações significativas nos orçamentos de defesa e nos níveis de continuidade dos projetos. Segundo os dados reunidos, os governos de José Sarney, Itamar Franco, Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff foram os que apresentaram maior previsibilidade e, em alguns momentos, expansão dos gastos. Já os de Fernando Collor e Jair Bolsonaro registraram retrações mais expressivas.
Apesar das variações, o autor observa uma trajetória de longo prazo marcada por avanços graduais na modernização militar, ainda que limitada por descontinuidades e crises fiscais.
O estudo detalha os principais programas criados ou mantidos nas últimas décadas, como o Calha Norte, voltado à integração e segurança da Amazônia; o PROSUB, de desenvolvimento de submarinos com tecnologia transferida da França; o FX-2, de renovação da frota de caças; e o MANSUP, de desenvolvimento nacional de mísseis antinavio.
Esses e outros projetos são apresentados como exemplos da tentativa de transformar a defesa em vetor de inovação e autonomia tecnológica. Embora alguns tenham alcançado resultados parciais, a maioria enfrentou adiamentos e reformulações decorrentes de instabilidade política e restrições orçamentárias.
A análise também relaciona os investimentos militares às ambições geopolíticas brasileiras, especialmente após o fim da Guerra Fria. A defesa é tratada como campo estratégico para ampliar a capacidade de influência regional e projetar o país no cenário internacional.
Contudo, a pesquisa ressalta que o potencial de uso da defesa como instrumento de desenvolvimento e prestígio depende de continuidade institucional, planejamento de longo prazo e estabilidade nas políticas públicas, condições ainda frágeis no contexto nacional.
Nas conclusões, Borges afirma que todos os governos pós-redemocratização recorreram, em maior ou menor grau, à defesa como meio de desenvolvimento econômico e tecnológico. A experiência, entretanto, foi marcada por avanços pontuais e longos períodos de interrupção.
O estudo amplia o debate sobre a interface entre defesa, desenvolvimento e política externa, ao demonstrar que a estabilidade institucional é condição necessária para que a política de defesa cumpra seus objetivos estratégicos e econômicos.
Em resumo:
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Sobre o autor:
David Gonçalves Borges é professor de Filosofia na Universidade Federal do Piauí (UFPI/CPCE) e no Programa de Pós-Graduação em Ciência Política da UFPI. Doutor em Filosofia (UBI), pesquisador em Ciência Política, Relações Internacionais e Filosofia Política.
FICHA TÉCNICA
Título: Os Investimentos Brasileiros Em Defesa Como Indutores De Desenvolvimento E Tentativa De Reposicionamento Geopolítico
Autor: David Gonçalves Borges
Ano de Publicação: 2024
Disponível em: Conexão Política, vol.13 n.2








