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ODS na política local: como os candidatos ao governo de SP incorporaram a Agenda 2030

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    publicabcp
  • há 21 horas
  • 5 min de leitura


A análise do alinhamento dos planos de governo dos candidatos ao governo de São Paulo em 2022 com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da ONU foi o foco do estudo realizado por um grupo de 11 pesquisadores vinculados à USP: Sylvestre A. Carvalho, Lira L. B. Lazaro, Andrea F. Young, Rooney R. A. Coelho, Fábio J. M. Ortega, Carolina B. M. C. Hecksher, José R. Cardoso, João S. W. Ferreira, Pedro R. Jacobi, Arlindo P. Junior e Marcos S. Buckeridge.


A pesquisa Assessing the Alignment of Brazilian Local Government Plans with the United Nations’ Sustainable Development Goals empregou processamento de linguagem natural (PLN), inteligência artificial e análise estatística para avaliar como esses planos integram prioridades globais. Entre as técnicas utilizadas, destacam-se a modelagem de tópicos com Latent Dirichlet Allocation (LDA), análise perceptiva qualitativa por especialistas e uso de embeddings vetoriais com o modelo text-embedding-ada-002 da OpenAI, o que possibilitou aferir semelhança semântica entre os textos dos planos e os 169 alvos dos ODS.


O estudo teve como objetivo identificar temas-chave nos planos de governo, explorar padrões e tendências, e avaliar o alinhamento com os 17 ODS da Agenda 2030, categorizados nas dimensões social (ODS 1, 2, 3, 4, 5, 10 e 16), ambiental (ODS 6, 13, 14 e 15) e econômica (ODS 7, 8, 9, 11 e 12). Foram analisados os planos de dez candidatos para examinar a integração de prioridades globais nas propostas locais.


Os resultados indicaram que o alinhamento dos planos de governo com os ODS foi fraco, especialmente nas áreas ambientais e sociais. O tema ambiental, em particular, apresentou cobertura mínima: nenhum partido superou o limiar de 20% de alinhamento com os ODS 13 (ação climática), 14 (vida na água) ou 15 (vida terrestre). Embora o tema “saneamento” tenha aparecido com certa força, temas como “descarbonização” ou “preservação de biomas” foram praticamente ausentes, o que chama atenção diante dos impactos recentes das mudanças climáticas no estado.


A análise identificou 19 temas prioritários nos planos, como educação, saúde, saneamento, emprego e segurança pública, com variações entre partidos. Apenas quatro legendas (PT, REP, PDT e PSDB) abordaram todos os tópicos; outras, como o PCO, trataram de apenas quatro deles, com forte concentração em “emprego e renda”.


O Partido dos Trabalhadores (PT) apresentou o maior alinhamento com os ODS, com 86,39%, seguido pelo Republicanos (REP) com 56,21% e pelo Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) com 53,85%. Ainda assim, a distribuição entre os diferentes objetivos foi desigual. Além disso, a análise formal dos documentos mostrou que a maioria dos planos carecia de estrutura mínima (como sumário, introdução ou referências estatísticas), sugerindo que muitas propostas foram redigidas apenas para atender exigências legais, sem compromisso com a formulação de diretrizes concretas. 


O estudo concluiu que é necessário desenvolver planos de governo mais transparentes e mensuráveis, com maior integração dos ODS, especialmente para enfrentar desafios como mudanças climáticas, desastres naturais e deficiências de infraestrutura.


Barreiras como a falta de conhecimento técnico sobre os ODS, escassez de recursos e ausência de vontade política foram apontadas como entraves para sua incorporação. Os autores sugerem que futuras pesquisas ampliem a análise semântica para outros documentos políticos e aperfeiçoem metodologias de aferição, com vistas a aproximar as agendas locais dos compromissos globais.


Perfil dos Autores


Sylvestre Aureliano Carvalho possui graduação em Física pela Universidade Federal de Lavras (2013), mestrado (2015) e doutorado (2019) em Física Aplicada pela Universidade Federal de Viçosa. Experiência em trabalhar com modelos de campo médio, incluindo modelagem com equações diferenciais ordinárias e parciais aplicadas a disseminação de epidemias.


Lira Luz Benites Lázaro possui doutorado no Centro de Ciência do Sistema Terrestre do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais CST-INPE. Mestrado e Doutorado no Programa de Pós-Graduação em Integração da América Latina da Universidade de São Paulo (USP-PROLAM). Professora credenciada na Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (FEEC) UNICAMP. Professora credenciada na Faculdade de Engenharia Mecânica (FEM) no Programa de Pós-Graduação em Planejamento de Sistemas Energéticos, UNICAMP.


Andrea Ferraz Young possui doutorado em Engenharia Agrícola, com especialização em Gestão Ambiental e Geociências, Graduação em Arquitetura e Urbanismo. Em sua atuação, combina princípios de planejamento urbano e engenharia com ciência ambiental e análise de dados geoespaciais.


Rooney Ribeiro Albuquerque Coelho possui graduação em Engenharia Elétrica pela Universidade de Fortaleza (2013), mestrado em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal do Ceará (2015) e doutorado em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal de Uberlândia (2019).


Fábio José Muneratti Ortega é graduado em Engenharia Elétrica pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (2009), mestre em Sistemas Digitais, também pela Escola Politécnica da USP (2013), e doutor em Tecnologia Musical pela Universitat Pompeu Fabra, em Barcelona, Espanha (2022). Atuou como Docente e Investigador na Universitat Pompeu Fabra, de 2016 a 2022.


Carolina Botelho Marinho da Cunha Hecksher é doutora em Ciência Política pelo IESP/UERJ, mestre em Sociologia e Antropologia pela UFRJ e graduada em Ciências Sociais também pela UFRJ. Atualmente é pesquisadora consultora na International Labour Organization, ILO. Também atua como cientista política do Instituto de Estudos Avançados da USP, desempenhando pesquisa de pós-doutorado no programa do IEA/USP.


José Roberto Cardoso é graduado em Engenharia de Eletricidade - Mod. Eletrotécnica pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (1974), concluiu o mestrado, o doutorado e a livre docência em engenharia elétrica na mesma escola em 1979, 1986 e 1993 respectivamente. Realizou um Pós-Doc no Laboratoire d´Electrotechnique de Grenoble (França) no período 1987-1988. Atualmente é professor titular da Escola Politécnica da USP (EPUSP), coordenador do LMAG-Laboratório de Eletromagnetismo Aplicado e exerceu a diretoria da EPUSP no período 2010 a 2014.


João Sette Whitaker Ferreira é professor titular da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP/FAUUSP. Diretor da FAUUSP (12/2022 a 12/2026). Graduado em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de São Paulo (1990) e em Economia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1993), Mestre em Ciência Política pela Universidade de São Paulo (1998), Doutor em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de São Paulo (2003) e Livre-Docente também pela FAUUSP (2013).


Pedro Roberto Jacobi possui graduação em Ciências Sociais (1973) e em Economia (1972) pela Universidade de São Paulo. Mestrado em Planejamento Urbano e Regional pela Graduate School of Design - Harvard University (1976), Doutorado em Sociologia pela Universidade de São Paulo (1986). Livre Docente em Educação -USP.


Arlindo Philippi Junior tem mestrado em Saúde Ambiental e doutorado em Saúde Pública (USP), Pós-Doutorado em Estudos Urbanos e Regionais (MIT/EUA) e Livre Docência em Política e Gestão Ambiental (USP). É Professor Titular da Universidade de São Paulo.


Marcos Silveira Buckeridge é biólogo (1981), mestre em biologia molecular pela Unifesp (1984) e doutor em bioquímica de plantas (1994) pela Universidade de Stirling, Escócia, Reino Unido. Foi Pesquisador Científico do Instituto de Botânica da Secretaria do Meio Ambiente de São Paulo por 20 anos. Em 2006 se mudou para a USP, onde hoje é Professor Titular do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo.



FICHA TÉCNICA

Título: Assessing the Alignment of Brazilian Local Government Plans with the United Nations’ Sustainable Development Goals

Autores: Sylvestre A. Carvalho, Lira L. B. Lazaro, Andrea F. Young, Rooney R. A. Coelho, Fábio J. M. Ortega, Carolina B. M. C. Hecksher, José R. Cardoso, João S. W. Ferreira, Pedro R. Jacobi, Arlindo P. Junior e Marcos S. Buckeridge

Ano de Publicação: 2023


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