top of page
  • publicabcp

Estudo analisa a adoção da política de crédito consignado por governos de esquerda no Brasil



O artigo "Credit and Ideology: The Policy of Payroll Deducted Credit during the Workers' Party Years" examina como políticas de crédito, especialmente o crédito consignado, foram implementadas durante o primeiro período do governo Lula (2003-2011) e evoluíram nos governos subsequentes. O estudo, publicado em 2023, busca determinar os agentes interessados na aprovação das políticas de aumento de crédito ao consumidor e as suas motivações.


Segundo o artigo, de autoria de Mariana Falcão Chaise, doutoranda em Ciência Política pela Universidade de São Paulo (USP), o consignado ampliou o acesso ao crédito para segmentos mais amplos da população brasileira, incluindo funcionários públicos, trabalhadores do setor privado e beneficiários de pensões e aposentadorias. Sua implementação contribuiu para a redução do endividamento predatório controlado por agiotas. Essa modalidade de crédito também permitiu que muitas pessoas financiassem necessidades básicas, incluindo educação e melhorias habitacionais.


A adoção de políticas de crédito pelo governo Lula foi alvo de críticas devido à implicação de endividamento e por servirem como alternativas ao aumento salarial. O artigo sugere que a adoção de tais políticas por um governo de esquerda pode ser vista como paradoxal apenas se as políticas forem interpretadas como tendo valores intrínsecos conservadores, fiscais ou privatistas. 


A autora defende que é equivocado considerar que os instrumentos de política possuem valores ideológicos inerentes. Movimentos políticos poderiam, assim, apropriar-se de ideias que têm uma origem ideológica diversa.


O trabalho utilizou entrevistas com três grupos: burocratas do Ministério da Fazenda, sindicalistas (líderes da Central Única de Trabalhadores, CUT, e membros do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos, DIEESE), além de empresários financeiros, principalmente aqueles ligados à Federação Brasileira de Bancos (Febraban). Completou a metodologia a análise de dados do Banco Central, visando destacar a mudança na disponibilidade de crédito após as medidas adotadas pelo governo Lula.


A pesquisa aponta que, para esses grupos, o crédito consignado tem contextos e objetivos diferentes. Para os sindicalistas da CUT, o crédito é uma forma de ampliar o poder de compra dos trabalhadores. Já para os burocratas do Ministério da Fazenda o consignado é um meio de estimular o investimento privado. Embora houvesse similaridades no que esses grupos esperavam da política, seus objetivos variavam. 


O artigo aponta que o acordo sobre a adoção de uma determinada medida, como o estímulo ao crédito consignado, é possível mesmo sem a concordância sobre seus valores básicos ou seu propósito. A sobreposição de diferentes fatores favoráveis à mesma política, vindos de diferentes grupos sociais, aumentam as chances de implementação, constituindo uma vantagem para o legislador.


Confira o artigo na íntegra clicando aqui.



Perfil da autora


Mariana Falcão Chaise é doutoranda em Ciência Política pela Universidade de São Paulo (USP), em estágio de pesquisa (doutorado sanduíche) na Sciences Po de Paris, sob a supervisão do professor Olivier Dabène. Mestra em Ciência Política pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Possui graduação em Relações Internacionais também pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Pesquisa temas relativos à política brasileira, com destaque para políticas públicas, avançando sob aspectos próprios da teoria política, como ideologias políticas e democracia. 


FICHA TÉCNICA

Título: Credit and Ideology: The Policy of Payroll Deducted Credit during the Workers' Party Years

Autores: Mariana Falcão Chaise

Ano de publicação: 2023


Em Destaque

Newsletter

Associado:

Icone rodapé - avião Preto.png

Assine nossa newsletter

  Sua Inscriçãa foi realizada com sucesso!  

Siga nossas redes sociais:

bottom of page