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Estudo analisa a atuação política interna e externa dos filiados ao Partido dos Trabalhadores

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    publicabcp
  • há 4 dias
  • 3 min de leitura


Publicado na edição 44 da Revista Brasileira de Ciência Política, o artigo Interação entre os filiados e o partido: a participação política interna e externa à organização do Partido dos Trabalhadores (PT) investiga como os militantes petistas se engajam politicamente dentro e fora das estruturas partidárias. Os autores, Filipe Vicentini Faeti (UFSCar) e Éder Rodrigo Gimenes (UEM), analisam as diferentes formas de ativismo entre filiados que ingressaram no partido em contextos distintos: antes e depois da chegada do PT ao governo federal. 


Em vez de partir da premissa de retração da militância, o estudo propõe observar como os vínculos entre partido e base continuam se manifestando, mesmo em cenários de crise e reconfiguração organizacional.


A pesquisa parte de um objetivo específico: comparar os padrões de participação política entre dois grupos de filiados ao PT — aqueles que ingressaram entre 1980 e 2002, e os que se filiaram entre 2003 e 2014. Para isso, os autores aplicaram um survey nacional inédito com 625 militantes, combinando técnicas estatísticas multivariadas para analisar o engajamento tanto nas atividades internas do partido quanto em ações externas, ligadas a movimentos sociais e protestos. 


A distinção entre participação interna e externa permite observar como a trajetória política dos filiados influencia seu modo de atuação e como essas formas de militância podem coexistir e se reforçar mutuamente.


Os resultados do levantamento revelam diferenças importantes entre os dois grupos de filiados. Militantes que ingressaram no PT antes de 2002 tendem a participar mais das atividades internas do partido, como reuniões, encontros organizativos e instâncias formais. Já os filiados mais recentes demonstram maior presença em ações ligadas à sociedade civil, como sindicatos, movimentos estudantis, movimentos de mulheres e participação em protestos


Apesar dessas distinções, o estudo aponta que os dois tipos de engajamento não se opõem: ao contrário, existe uma correlação positiva entre participação interna e externa, sugerindo que os militantes que atuam dentro do partido frequentemente também se envolvem em pautas e ações para além dele.


Embora a diferença entre os filiados antigos e recentes seja evidente, os autores destacam que fatores como o tempo de filiação contínuo e a idade dos militantes exercem influência ainda mais significativa sobre os padrões de participação. Isso indica que o engajamento político está fortemente relacionado à experiência acumulada dentro e fora do partido, mais do que ao momento histórico de filiação. 


A pesquisa também mostra que, apesar das mudanças no cenário político e dos desafios enfrentados pelo PT nos últimos anos, o partido ainda mantém uma base militante ativa e articulada, sustentada tanto por vínculos organizacionais quanto por conexões com movimentos sociais.


Ao analisar o engajamento político dos filiados petistas com base empírica, o estudo contribui para preencher uma lacuna na literatura brasileira sobre participação partidária. Em contraste com a tendência global de afastamento das bases, o caso do PT mostra que formas tradicionais e novas de militância podem coexistir, nutridas por laços organizacionais e experiências políticas diversas. 


A pesquisa reforça a importância de observar não apenas o comportamento eleitoral, mas também a trajetória e o papel ativo dos filiados na dinâmica interna dos partidos. Nesse sentido, o trabalho demonstra como partidos ainda podem funcionar como espaços de mobilização e construção política em contextos democráticos desafiados por crises institucionais e mudanças sociais.


Perfil dos Autores


Filipe Vicentini Faeti é doutorando do Programa de Pós-Graduação em Ciência Política da Universidade Federal de São Carlos - PPGPol/UFSCar e bolsista da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). Formado em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Maringá (UEM) e mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais - PGC/UEM - da Universidade Estadual de Maringá.


Éder Rodrigo Gimenes é doutor em Sociologia Política com pós-doutorado em Ciência Política pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), docente dos Programas de Pós-Graduação em Ciências Sociais (Mestrado e Doutorado Acadêmico) e em Políticas Públicas (Mestrado Profissional) da Universidade Estadual de Maringá (UEM).


FICHA TÉCNICA

Título: Interação entre os filiados e o partido: a participação política interna e externa à organização do Partido dos Trabalhadores (PT)

Autores: Filipe Vicentini Faeti e Éder Rodrigo Gimenes

Ano de Publicação: 2025


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