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Gerações partidárias no Brasil: estudo analisa engajamento e ceticismo em relação às instituições democráticas

  • Foto do escritor: publicabcp
    publicabcp
  • 25 de fev.
  • 3 min de leitura

Atualizado: 10 de mar.



O artigo New parties, new activism? A generational approach to party linkage in a multiparty system, publicado na revista Party Politics pelos pesquisadores Pedro Floriano Ribeiro (UFSCar) e Vinícius Alves (IDP), investiga o engajamento partidário e as percepções dos filiados em relação às instituições democráticas no Brasil.


O estudo surge em um contexto marcado pela crescente insatisfação com os partidos tradicionais, a ascensão do populismo de extrema-direita e o surgimento de novos partidos que buscam atrair eleitores desiludidos. Com base em dados de uma pesquisa nacional realizada em 2020, os autores exploram como os padrões de engajamento e as atitudes políticas variam entre filiados de partidos antigos e novos, oferecendo insights sobre os desafios enfrentados pelas democracias contemporâneas.


A pesquisa adota uma abordagem geracional para analisar os partidos brasileiros, dividindo-os em três grupos conforme o período de surgimento: a primeira geração (1980-1988), formada por partidos que emergiram no processo de redemocratização; a segunda geração (1989-1995), resultante de disputas internas e divergências programáticas; e a terceira geração (2003 em diante), que surgiu em um contexto de crescente rejeição aos partidos tradicionais. 


Utilizando dados de uma pesquisa com 3.266 filiados de 32 partidos políticos, os autores aplicaram análises multivariadas e experimentos para comparar as atitudes políticas e o engajamento dos membros de partidos antigos e novos. Além disso, o estudo avaliou o impacto da democracia intrapartidária — como a participação na escolha de candidatos e líderes — no nível de envolvimento dos filiados.


De acordo com os resultados, os filiados de partidos de primeira geração demonstram maior resistência a discursos antidemocráticos e são menos propensos a questionar a legitimidade dos partidos e do Congresso como instituições fundamentais para a democracia. Em contraste, os novos filiados, especialmente aqueles que ingressaram em partidos a partir de 2003, tendem a ser mais céticos em relação ao papel dessas instituições, com uma parcela significativa concordando que a democracia pode funcionar sem partidos políticos e sem o Congresso. 


Adicionalmente, o estudo revelou que não há diferenças significativas no engajamento entre as gerações de partidos, mas a perspectiva de vitória eleitoral mostrou-se um fator mais relevante para motivar a participação dos filiados do que a ampliação da democracia intrapartidária.


Os achados do estudo destacam que a formação histórica dos partidos influencia significativamente as atitudes políticas de seus membros. Membros de partidos de terceira geração tendem a ser mais insatisfeitos com o funcionamento da democracia no país, e são mais céticos em relação às instituições políticas tradicionais, em comparação com os filiados de partidos mais antigos. 


Essa tendência representa um desafio para o sistema democrático brasileiro, já que a desconfiança em relação às instituições políticas tradicionais pode minar a estabilidade e a legitimidade do regime democrático. O estudo reforça, portanto, a importância de compreender as dinâmicas geracionais no engajamento partidário e suas implicações para o futuro da democracia no Brasil.


Perfil dos Autores


Pedro Floriano Ribeiro é professor de Ciência Política na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), e editor associado (desde 2016) da Brazilian Political Science Review, periódico da Associação Brasileira de Ciência Política. Foi Fulbright Distinguished Chair in Democracy and Human Development no Kellogg Institute, Universidade de Notre Dame (EUA, 2018), e Celso Furtado Visiting Professor na Universidade de Cambridge, St John's College (Reino Unido, 2015-16).


Vinícius Alves é doutor em Ciência Política pela Universidade de Brasília (UnB). Atualmente, é professor do Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP) em São Paulo. Foi pesquisador de pós-doutorado na UFSCar, com período de pesquisador visitante na University of California. Membro do Centro de Estudos de Partidos Políticos da Universidade Federal de São Carlos e country anchor do DALP (Democratic Accountability and Linkages Project), sediado na Duke University.


FICHA TÉCNICA

Título: New parties, new activism? A generational approach to party linkage in a multiparty system

Autores: Pedro Floriano Ribeiro e Vinícius Alves

Ano de Lançamento: 2024


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