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O liberalismo e seus críticos: disputas na interpretação do Brasil

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    publicabcp
  • 7 de out.
  • 3 min de leitura
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Publicado na revista Cadernos de Campo, o artigo O liberalismo e os novos intérpretes do Brasil, de André Silva de Oliveira (UFPE), analisa uma polêmica entre o cientista político Marcus Melo e o sociólogo Jessé Souza. A partir desse confronto, o autor investiga como se configuram hoje as disputas em torno do papel do liberalismo na formação e no funcionamento das instituições políticas brasileiras.


O debate contrapõe duas tradições de interpretação. De um lado, intelectuais que associam o déficit de liberalismo ao fortalecimento excessivo do Estado e à captura de suas estruturas por elites políticas. De outro, pensadores que consideram o liberalismo um corpo estranho à cultura nacional e o responsabilizam pelo bloqueio da participação popular. Marcus Melo e Jessé Souza atualizam esses polos, oferecendo leituras divergentes sobre a trajetória político-institucional do país.


Na obra A elite do atraso, Jessé Souza critica a tradição liberal iniciada por Sérgio Buarque de Holanda e reforçada por autores como Raymundo Faoro e Roberto DaMatta. Para ele, essa perspectiva mascara o papel das elites econômicas e midiáticas na exclusão social. Seu enfoque metodológico privilegia a luta de classes e vê na Operação Lava Jato e no impeachment de Dilma Rousseff exemplos de como o discurso anticorrupção pode ser instrumentalizado para manter privilégios.


Marcus Melo, por sua vez, adota a lente institucionalista, em diálogo com o “novo institucionalismo” de Douglass North e Daron Acemoglu. Ele argumenta que a política brasileira foi moldada por uma tradição iliberal centrada na santificação do Estado, o que limitou a consolidação democrática. Em sua leitura, a Operação Lava Jato representou um avanço institucional, ao fortalecer mecanismos de controle e equilibrar os poderes políticos.


Ao colocar em perspectiva essas visões, André Silva de Oliveira mostra que a polêmica não se limita a um embate pessoal, mas reflete a permanência de uma divisão estrutural no pensamento político brasileiro. Sua análise evidencia como diferentes metodologias, o institucionalismo e a luta de classes, conduzem a diagnósticos distintos sobre problemas centrais, como corrupção, funcionamento das instituições e inclusão social.


O autor conclui que, embora inconciliáveis em muitos pontos, as duas correntes poderiam convergir em torno de questões mínimas, como o reconhecimento da interdependência entre Estado e mercado, e a necessidade de enfrentar a corrupção estatal. Essa possibilidade de consenso, ainda que difícil, é apresentada como um passo importante para repensar os caminhos da democracia no Brasil.



Em resumo:

  • O artigo O liberalismo e os novos intérpretes do Brasil, de André Silva de Oliveira, analisa a polêmica entre o cientista político Marcus Melo e o sociólogo Jessé Souza.


  • O debate reflete duas tradições históricas: uma que vê no déficit de liberalismo a causa de instituições frágeis; outra que acusa o liberalismo de bloquear a participação popular.


  • Jessé Souza critica a tradição liberal iniciada por Sérgio Buarque de Holanda, com foco na luta de classes e no papel das elites econômicas.


  • Marcus Melo adota uma perspectiva institucionalista e defende que a política brasileira foi moldada por uma tradição iliberal, vendo a Operação Lava Jato como avanço institucional.


  • O autor mostra que as visões são metodologicamente inconciliáveis, mas sugere que um consenso mínimo, como reconhecer a interdependência entre Estado e mercado e enfrentar a corrupção, seria importante para fortalecer a democracia..



Sobre o autor


André Silva de Oliveira é doutor em Ciência Política pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Co-fundador e primeiro presidente do Instituto Liberal do Pará, eleito para o mandato de 2020-2022.



FICHA TÉCNICA

Título: O liberalismo e os novos intérpretes do Brasil

Autor: André Silva de Oliveira

Ano de Publicação: 2022

Disponível em: Cadernos de Campo n.32

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