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Partidarismo e hesitação vacinal: estudo aponta raízes políticas da recusa à vacina contra a COVID-19 no Brasil

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    publicabcp
  • há 1 dia
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A lealdade partidária teve papel decisivo na hesitação vacinal durante a pandemia de COVID-19 no Brasil. É o que revela o estudo The influence of partisanship on the roots of anti-vaccine attitudes in the context of the COVID-19 pandemic, conduzido por Sylvia Iasulaitis (UFSCar), Alan Demetrius Baria Valejo (UFSCar) e Leonardo Ribeiro dos Santos (Unicamp). A pesquisa analisou como fatores políticos, ideológicos e de percepção de risco influenciaram a decisão de se vacinar


O trabalho, publicado em 2025, mostra que atitudes em relação à imunização não se explicam apenas por aspectos socioeconômicos, mas também por vínculos políticos que moldam a forma como os cidadãos interpretam informações científicas.


A investigação combinou métodos das ciências sociais, da estatística e da computação. Por meio de algoritmos de machine learning, os autores criaram um “escore de partidarismo” capaz de mensurar o grau de fidelidade política dos entrevistados


O modelo foi aplicado a dados de uma pesquisa nacional de opinião realizada em 2021, com 2.002 pessoas. As variáveis analisadas incluíram características socioeconômicas, percepções sobre a segurança das vacinas, crenças em desinformação e posicionamento político. Os autores destacam que a metodologia, desenvolvida de forma aberta, pode ser utilizada em estudos internacionais sobre hesitação vacinal.


Os resultados mostraram que a percepção de segurança da vacina e o grau de lealdade partidária foram os fatores mais fortemente associados à recusa vacinal. Entre os eleitores de Jair Bolsonaro, aqueles que se declararam exclusivamente fiéis ao então presidente apresentaram taxa de vacinação cerca de dez pontos percentuais menor do que os que admitiam votar em outro candidato. 


O modelo identificou ainda que o grupo mais resistente à vacinação era formado majoritariamente por homens, de renda média ou baixa, e por indivíduos que expressavam maior confiança no então presidente e em informações não comprovadas sobre o imunizante.


A análise indicou que o apoio político esteve ligado à crença em desinformação disseminada durante a pandemia, como a suposta eficácia do chamado “kit covid” ou a ideia de que a vacina alteraria o DNA. Esses achados reforçam que a hesitação vacinal não pode ser compreendida apenas a partir de fatores educacionais ou econômicos, mas também de identidades políticas e mecanismos de lealdade partidária. 


Os autores destacam que compreender essas relações é essencial para o desenvolvimento de políticas públicas e estratégias de comunicação em saúde mais eficazes. Ao demonstrar que variáveis políticas podem ter mais peso do que fatores tradicionais, o trabalho sugere a necessidade de abordagens que considerem o papel das identidades partidárias na formação de atitudes sobre ciência e saúde


A metodologia proposta poderá ser replicada em outros contextos, contribuindo para entender como a polarização política afeta decisões individuais sobre vacinação e outras políticas de saúde pública.


Em resumo:

  • A pesquisa analisou como a lealdade partidária influenciou a recusa à vacina contra a COVID-19 no Brasil.


  • O estudo foi conduzido por pesquisadores da UFSCar e da Unicamp.


  • Foram analisadas respostas de 2.002 pessoas em uma pesquisa nacional feita em 2021.


  • Os autores usaram algoritmos de machine learning para medir o grau de fidelidade política dos entrevistados.


  • Eleitores exclusivamente fiéis a Jair Bolsonaro apresentaram menor taxa de vacinação.


  • A percepção de segurança da vacina foi o principal fator ligado à hesitação vacinal.


  • A crença em informações falsas sobre o imunizante apareceu junto com a lealdade partidária.


  • A hesitação vacinal se mostrou mais associada à política do que à renda, idade ou escolaridade.



Sobre os autores


Sylvia Iasulaitis é professora doutora da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Docente permanente dos Programas de Pós-Graduação em Ciência, Tecnologia e Sociedade e de Ciência da Informação. É coordenadora do curso de Ciências Sociais. Lidera o Interfaces - Núcleo de Estudos Sociopolíticos dos Algoritmos e da Inteligência Artificial, certificado pelo CNPq. Doutora em Ciência Política (UFSCar). Atua nas áreas de Ciência Social Computacional e Ciência de Dados Sociais.


Alan Demetrius Baria Valejo é professor e pesquisador do Departamento de Computação da Universidade Federal de São Carlos (DC-UFSCar). Graduou-se em Bacharelado em informática pelo ICMC-USP em 2012. Obteve o título de Mestre e Doutor em Ciência da Computação e Matemática Computacional pelo ICMC-USP em 2014 e 2019, respectivamente.


Leonardo Ribeiro dos Santos é pesquisador do Departamento de Estatística da Unicamp. Atualmente trabalha como Coordenador de Ciência de Dados.



FICHA TÉCNICA

Título: The influence of partisanship on the roots of anti-vaccine attitudes in the context of the COVID-19 pandemic

Autor: Sylvia Iasulaitis, Alan Demetrius Baria Valejo e Leonardo Ribeiro dos Santos

Ano de Publicação: 2025

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