Política externa em tempos de autoritarismo: análise do LABMUNDO sobre o Brasil e o ultraconservadorismo global
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O livro Política Externa, Lideranças Autoritárias e Ultraconservadorismo (Appris, 2024), organizado por Rubens de Siqueira Duarte (ECEME) e Carlos R. S. Milani (UERJ), reúne pesquisas desenvolvidas por 21 autores vinculados ao Laboratório de Análise Política Mundial (LABMUNDO). A coletânea examina como governos, lideranças e movimentos ultraconservadores e autoritários influenciam a formulação da política externa, especialmente no caso brasileiro.
O volume é resultado de três anos de reflexão coletiva conduzida entre março de 2021 e novembro de 2023. O ponto de partida da obra é o questionamento sobre a existência de uma onda transnacional de governos autoritários e ultraconservadores e seus impactos nas agendas internacionais. Os autores se perguntam, entre outros aspectos, como essas lideranças concebem a política externa e quais seriam os efeitos do bolsonarismo nesse campo.
A obra propõe uma revisão crítica do uso recorrente de termos como “populismo” e “política externa populista”, argumentando que tais conceitos, embora úteis, apresentam limitações para dar conta das especificidades empíricas e históricas dos fenômenos analisados.
A primeira parte do livro é dedicada à análise das relações entre autoritarismo e multilateralismo, com foco nos efeitos da política externa brasileira entre 2019 e 2022. Um dos capítulos propõe o conceito de “política externa democrática” como forma de avaliar o alinhamento (ou não) das ações do Executivo aos preceitos constitucionais, à valorização das instituições e ao pluralismo político.
Os autores defendem que o governo Bolsonaro promoveu uma ruptura com esses princípios ao enfraquecer canais institucionais de participação e ao associar a política externa a uma lógica personalista e ideológica.
Na segunda parte da obra, os capítulos se concentram em temas como direitos LGBTI, políticas de gênero, meio ambiente e cooperação internacional. Esses estudos apontam como determinadas agendas foram impactadas por orientações ideológicas do governo, com destaque para o negacionismo climático e o uso de narrativas religiosas na política externa. Também são discutidas as consequências do alinhamento com governos de extrema direita e os efeitos da desvalorização de instâncias multilaterais e regionais.
Ao final, os organizadores retomam a proposta de avaliar a política externa como uma política pública sujeita a regras, normas e princípios constitucionais. A conclusão destaca que o governo Bolsonaro se distanciou desses parâmetros ao centralizar decisões, fragilizar instituições e promover uma diplomacia baseada em exclusão e antagonismo. A obra propõe, ainda, agendas futuras de pesquisa sobre os impactos da política externa na construção (ou erosão) da democracia, sobretudo em países do Sul Global.
Em resumo:
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Sobre os autores
Rubens de Siqueira Duarte é professor adjunto do Programa de Pós-Graduação em Ciências Militares do Instituto Meira Mattos, no âmbito da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (PPGCM-IMM-ECEME), coordenador do Laboratório de Análise Política Mundial (LABMUNDO) e pesquisador do Observatório Interdisciplinar de Mudanças Climáticas (OIMC).
Carlos R. S. Milani é professor titular de Relações Internacionais no Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IESP/UERJ), junto ao Programa de Pós-Graduação em Ciência Política. Coordenador do grupo de pesquisa Laboratório de Análise Política Mundial (LABMUNDO) e do Observatório Interdisciplinar das Mudanças Climáticas (OIMC).

FICHA TÉCNICA
Título: Política Externa, Lideranças Autoritárias e Ultraconservadorismo
Organizadores: Rubens de Siqueira Duarte e Carlos R. S. Milani
Editora: Appris
Ano de Publicação: 2024
ISBN: 9786525065540
Disponível em: Editora Appris