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Livro explora as diferenças no processo de industrialização do Brasil e Argentina



No livro "Ideias, burocracia e industrialização no Brasil e na Argentina", lançado em 2023, Renato Perissinotto, professor da Universidade Federal do Paraná e ex-presidente da ABCP, oferece uma análise comparativa entre os desenvolvimentos industriais dos dois países após a crise de 1929. O livro busca explorar as causas que levaram a Argentina, que tinha à época uma economia agroexportadora mais poderosa que a brasileira, a ficar para trás no processo de industrialização. 


Perissinotto utilizou a comparação histórica para elucidar as similaridades e diferenças entre os dois países sul-americanos. Para explorar o tema, o pesquisador analisou uma ampla bibliografia e dados produzidos por outros cientistas sociais. Complementaram o estudo entrevistas com burocratas do Estado desenvolvimentista brasileiro, produzidas pelo Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC), e entrevistas com lideranças do Estado argentino,  disponibilizadas no Arquivo de História Oral da Universidade Torcuato di Tella. 


“O Brasil não só se industrializou e teve um output industrial mais alto ao longo do período analisado, como também deu origem a um parque industrial qualitativamente superior”, comenta o autor. Ao colocar as explicações tradicionais sobre o desenvolvimento econômico dos dois países sob uma lente comparativa, Perissinotto identifica que muitos dos fatores comumente citados, como a instabilidade política, não explicam as divergências observadas. Ambos os países compartilharam períodos de instabilidade, mas somente o Brasil conseguiu avançar substancialmente no caminho da industrialização.


O fator determinante para explicar essa diferença foi a ideologia econômica da elite política e estatal desses países, e sua capacidade de formular e realizar seu projeto político. Em 1930, tanto Brasil quanto Argentina passaram por golpes de Estado. “No Brasil, o golpe representa a ascensão de um grupo com uma ideia muito diferente do que deveria ser a nação brasileira: industrializada e urbanizada. E, no caso argentino, é uma espécie de retorno ao poder de uma velha oligarquia agrária, embora atenuada com algumas veleidades de mudança”, comenta Perissinotto.


O livro amplia a comparação da industrialização para outros países, levando em consideração as diferenças de contextos e elementos históricos. Os países escolhidos foram Nigéria, Zaire, Filipinas, Índia, Coréia do Sul, Taiwan e Japão. O estudo mostra que em nenhum desses países a industrialização foi resultado de uma ação política da burguesia industrial, mas sim de uma intervenção estatal planejada. 


Em casos como o da Nigéria, o movimento político não teve condições para implementar um projeto de modernização. O livro conclui que além da presença de intenção da elite modernizadora, a capacidade política de montar uma coalizão desenvolvimentista é necessária para o processo de industrialização. 


Perfil do autor


Renato Perissinotto concluiu o doutorado em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Campinas em 1997. É professor titular da Universidade Federal do Paraná. Foi Presidente da Associação Brasileira de Ciência Política (ABCP) entre 2016-2018. É coeditor da Revista de Sociologia e Política (A1) e co-coordenador do Núcleo de Pesquisa em Sociologia Política (UFPR). Professor do Programa de Pós-Graduação em Ciência Política da UFPR.


FICHA TÉCNICA

Título: Ideias, burocracia e industrialização no Brasil e na Argentina

Autor: Renato Perissinotto

Editora: Eduerj

Ano de publicação: 2023

ISBN: 9788575116098

Onde adquirir: Eduerj




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